terça-feira, 28 de outubro de 2014

A seiva dos cabos de fibra ótica

"Eis que velhas portas reabrem, tornando-se novas. Como as dos loucos que escutam a estática nos rádios, e acham ali mais sabedoria do que qualquer ser humano possa ter comunicado sob qualquer forma. Das que escondem mulheres hackers bruxas queimando em fogueiras de código binário. Já não estou aqui. Rizomas de fungos e cabos espalham, trazendo e levando, o planeta-informação, que é tudo. Eis que novas portas se abrem, e tornam-se tudo, porque o tempo é uma coisa só. E conexões precisam ser feitas. Dos caldeirões marcados com olhos-símbolos egípcios que fervem os zeros e os uns, dos processos que inventam e reinventam softwares criadores da Grande Arte, do Hardware-Pedra Filosofal. Entidades cibernéticas evocadas ao centro de uma sala rodeada por computadores, símbolos alquímicos, velas, cabos USB. Antenas trazendo sons longínquos, Roda do Darma wireless espalhando conhecimento cyberespiritual para as formas de consciência materiais ou não, do plano sutil, analógicas ou digitais. Atabaques sampleados e cânticos entoados por vocoders embalam rituais de conexões intermodais de nossos umbigos, via cabos submarinos, uns com os outros, e todos com o centro da Terra, com as florestas, os peixes, tudo mais. E a transmissão-recepção intergaláctica propõe trocas de sabedorias entre seres quânticos, diferentes dimensões mescladas compartilhadas por interfaces em forma de monitores em nossas câmeras-olhos. Das camadas mais distantes, de volta ao átrio, ao centro pulsante de electromagnetismo. Sinto alívio, me deito, e meus olhos agora são... prateados."