segunda-feira, 26 de julho de 2010

Paisagem

Dos campos verdes quase escuros que se estendem ao olhar, os canais de água brilham em laranja fluorescente, em espirais que desafiam a gravidade.
Gaivotas pretas em linguagem antiga se comunicam e gorjeiam em rápido passeio pela superfície descampada.
Frenéticas mutações de múltiplas cores se agitam formando vórtices de sucção dos tempos que o observam.
Em suaves e depois intensas ondas, tapetes vermelhos desfibrilam o céu roxo já com muita pressa, antes que as nuvens pulsações cessem seu jogar de raios na superfície despovoada.
O eco de fantasmas murmurantes já se ouve de dentro das cavernas elevadas por sobre a terra, verdadeiros labirintos de escuridão infinita.
E todos os seres que ali voam, em direção das florestas do absurdo , se desfazem em intensos feixes de luz, derretendo metais que se transfiguram e escoam por vastos canais, em múltiplas direções.

[ouvindo um álbum do Tangerine Dream, "Phaedra", de 1974]

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