Era natural que isso acontecesse. Eu mudei, todos mudaram.
E foi preciso romper. Alcançar outro eu, uma nova identidade, mais evoluída.
Quando olho para aquilo tudo, vejo senão o passado quase congelado.
E quando entro em contato, me sinto desconfortável ... como se entrasse num lugar onde a música não estava boa e, apesar de eu até poder me divertir um pouco, provavelmente o resultado final não seria bom, eu não me sentiria bem ali.
Como se eu tivesse pausado a imagem de um espelho, e anos depois olhasse para este mesmo espelho e não visse mais meu reflexo.
Agora, reconstruir. Galgar novas conquistas, ressignificar as velhas.
O ideal seria romper com certas coisas para além do poder da memória. Seria submergir meu ego, e emergir novo em folha.
Abandonar as reminiscências do passado, mas elas insistem em voltar. Meros devaneios tolos, a me torturar.
Ora, o ideal é quase sempre impossível. Sempre sobra algum peso do passado.
Mas já não há nada como era antes.
Um rio, da nascente à foz. Suas águas brotam do subterrâneo, rompem a escuridão do solo e impõem-se perante o ar livre. Ora suavemente, e às vezes em fluxo frenético, segue seu caminho por entre os relevos que, até certo ponto, o determinam. Passa pelas mais diferentes planícies, entre altas montanhas, cercado de densas florestas ou em campos abertos. E, finalmente, desemboca no mar. Ao longo de todo o seu curso, o rio sofreu inúmeras mudanças. Muito foi perdido e muito foi acrescentado. Sendo ele, apesar das diferenças em suas variadas alturas, o mesmo, suas partes se comunicam entre si. Melhor dizendo: as partes próximas à nascente se comunicam com as próximas à foz. Mandam seus fluidos para lá. Isso, o rio não pode evitar.
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