Enquanto o ruído reina
Sem piedade sobre o súdito silêncio
Este se aborrece
Pronto: domina por um momento
Mas logo se esquece...
O barulho se espalha
Em múltiplos instantes banais
Fugaz cacofonia em mil rebentos
Não mais o farfalhar do vento
Ou o suave bater das ondas na areia
Que namoram, beijam, amam o silêncio
Mesmo que acabem por desfazê-lo
Se acaba o acalanto em grito
Em berro se transformam os suaves cantos
O vibrar melodioso da corda tensa
Interrompido por pavorosos estrondos
Vencem as britadeiras e ambulâncias
Vozes da metrópole mundana
A harmonia sonora suave e densa
Jorrando da alma a longa distância
Que é quase a quietude da paz
A meia-luz do ambiente auditivo
Que, cantando, venera o silêncio
Noite adentro o barulho ofusca
Interrompe o carinho e o alento
Entre a quieta paz do firmamento
E o som que não perturba o que se cala
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Imenso
Silêncio e escuridão
São ambiências
de uma outra dimensão
A estância da alma
que não colore
nem fala
Mesmo que contenha
toda a luz
e o absoluto som
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