Creio que eu me perderia. Aliás, já me perdi. Então... adeus! Espere, voltei. Recomeçar... do começo.. 1, 2 e 3 também... Aonde estou agora? Para que lugares minha mente escapou? Sei que vi uma linda luz vermelha moldando suavemente o ambiente, jogando seus brilhos através da linda luminária de vidro, para cima, para baixo, e para dentro. Sei que cavalguei meus dedos sobre as cordas, sentindo o honesto som do pinho, ressoando, ecoando em minha mente, e um segundo nome para a Liberdade, eu inventei, eu vislumbrei, mesmo que por alguns instantes, ali. Remédio para a alma. Eu pedi Força, pedi Clareza, pedi Sabedoria para distinguir os meus caminhos, pedi Iluminação aos meus irmãos e irmãs. Pedi paz, pedi amor, pedi discernimento, pedi mais. Mas também agradeci, pois é importante agradecer. Piso firme em meu chão, com minha mente devidamente alojada no infinito do espaço, e é por isso que agradeço. Agradeço ao alimento que posso comer, a casa em que posso descansar, procurar abrigo, me banhar, me aninhar. Abençoei - e com que força - as iluminadas pessoas que encontraram com os deuses, dançaram ao redor das galáxias, voltaram e traduziram em MÚSICA aquilo que por lá sentiram, viram, viveram. Repousei minha cabeça sobre um macio e confortável travesseiro feito de nuvens, das mais tenras, do algodão mais nobre, coberto pelo tecido mais elaborado, feito com todo o esmero, com todo o cuidado, com toda sabedoria. Assisti atônito à beleza do dançar de minhas mãos, devidamente iluminadas pela rúbea clareza que emanava do lustre. Quanta harmonia, quanta sabedoria, havia ali! No entrelaçar e desentrelaçar de meus dedos, em sua dança, vi todo o universo. As junções e as separações, os vazios e os cheios, tudo, ali, apenas vendo minhas mãos dançarem. Quantas ideias tive, quanta vontade de fazer coisas, de conhecer, de explorar, de respirar os diversos aromas que esse vasto mundo oferece tão generosamente. Não esqueci, claro, da dor. Sim, ela está aí, e tem seu lugar. E procurei - e pedi - sabedoria, justamente para não ignorá-la, mas para saber que ela tem seu lugar, e não deixar que ela invada outros lugares, que não tem nada que ver com ela, aonde ela viraria apenas uma parasita, se alimentando em mesa que não deve. Pensei em todas as pessoas que amo, e o quanto eu tenho que melhorar meu amor, torná-lo mais sábio, saber quando ir e quando voltar, quando falar e quando silenciar. Poderia dizer muito mais, mas acho melhor ter um pouco desse agridoce sabor de deixar o dito pelo não-dito, essa luz escapando da fresta, que dá vontade de olhar pra ver o que tem dentro, mas é gostoso demais saborear o mistério. Sim, o Mistério. Não se engane, ele está lá. Naquele devaneio entre uma colherada e outra, naquele sonho do qual você não se lembra muito bem ao acordar, naquela súbita sensação de ter decifrado um intrincado código do universo durante uma caminhada pela cidade. E, para deixar assim, com sabor de quero-mais, me despeço, sempre com uma canção no coração. PAZ.
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