segunda-feira, 18 de agosto de 2014

Liberdade e coragem de sermos nós mesmos

"Visto que não se é capaz de evitar má companhia, não se deve iludir; deve-se ver a insinceridade por trás da máscara da amizade, a destrutividade por trás da máscara das eternas lamentações sobre sua infelicidade, o narcisismo por trás de seu charme. As pessoas também não devem agir como se tivessem sido levadas por sua aparência ilusória a fim de evitar serem forçadas a uma certa desonestidade consigo mesmas. Elas não precisam falar sobre o que vêem, mas também não têm que tentar convencer os outros de que são cegas.
Se outras pessoas não entendem nosso comportamento, e daí? Sua solicitação de que devemos fazer só o que elas acham é uma tentativa de nos dar ordens. Se isso é ser "associal" ou "irracional" aos olhos delas, que seja. Elas se ressentem principalmente da nossa liberdade e de nossa coragem de sermos nós mesmos. Nós não devemos explicação ou justificativa a pessoa alguma, contanto que nossos atos não a prejudiquem ou a violem. Quantas vidas não foram arruinadas por essa necessidade de "explicação", que habitualmente sugere que a explicação é "entendida", por exemplo, sancionada. Deixe que seus atos sejam julgados, e deles, saltem as reais intenções, mas saiba que uma pessoa livre deve explicação só a si mesma, à sua razão e consciência e, para os poucos que possam ter alegações justificadas de tal explicação."

Erich Fromm, em "Do Ter ao Ser"

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